terça-feira, 7 de setembro de 2010

Paris, dia 3


Ultimo dia da sempre um aperto no coração. Dia chuvoso e frio, muito frio na verdade. Arrumei minhas coisas depois do café da manha e fui direto pra Notre Dame, Igreja maravilhosa. A Igreja estava lotada, a Missa atrasada, o pessoal se empurrando e furando fila, coisas que me fazem ter certeza absoluta que eu estou mesmo na França... Assisti à Missa e me dirigi ao Centro George Pompidou, foi ai que algo realmente estranho aconteceu...
Normalmente eu me localizo muito bem, mesmo que eu nao saiba o caminho exato eu sei me localizar e acabo chegando no lugar certo. Nesse dia eu me perdi de uma maneira absurda, nao tinha a mínima ideia de onde eu estava mas sabia que estava muito longe. E a pior parte, na chuva. Depois de 40 (!!) minutos andando consegui chegar no museu, que obviamente estava lotado. Fiquei 15 minutos na fila e finalmente consegui entrar. Durante quatro horas fiquei rodiada da mais "pura" arte moderna. Entre o "manifesto feminino" que o centro pomove-todo o primeiro nível é dedicado à artistas femininas que, de uma maneira ou outra, mudaram a historia da arte- ao encontro com mestres como Picasso e Légere eu passei uma tarde incrível.
O interessante do museu, que é o maior e mais importante da Europa em arte moderna, é que ele abrange um pouco de tudo. Passamos por obras sensuais nas quais vemos um aviso de "obra pode sensibilizar o publico mais sensivel" e por toda a vida e carreira de Picasso, acabando elegantemente entre os anos 1945-1960. Temos todo o tipo de arte, cinema, fotografia, pinturas, esculturas- todos os tipos de representação que fizeram da arte o que ela é hoje.
Um dos aspectos que mais me chama atençao (é a segunda vez que vou à exposição elle@pompidou) é como as artistas usam o corpo como a maior forma de expressão. Na primeira vez que eu fui tinha odiado, achei exagerado, provocativo, nao entendi. Dessa vez foi diferente: foi uma forma de se libertar e de se expressar, antigamente a questão era o homem retratando o nu feminino, e isso era aceitável, hoje a mulher faz um auto-retrato e é julgada e incompreendida, o que nos faz pensar no por que. Uma painel que me chamou a atenção em ambas as vezes que fui, algumas estatísticas sobre o numero de obras masculinas contendo mulheres e o numero de artistas femininas num mês sao mo museu. O numero de homens é absurdamente maior que o de mulheres, o que nao choca, mas quando uma mulher usa o próprio corpo pra expressar essa indignação, ai sim, choca e muito. Ainda hoje ser uma mulher no ramo da arte (veja bem, quando digo isso me refiro às escritora, pintoras, desenhistas...) e muito difícil, entao imagina à alguns anos atras! Elas nao tinham liberdade nenhum e estavam cansadas disso, logo usaram tudo o que podiam para se libertar desse paradigma, e conseguiram. Elas usaram o próprio corpo, que era o motivo de opressão, para se libertar. E ganharam.
Emocionante também é seguir a evolução da pintura, como o cubismo, dadaismo, surrealismo e futurismo. O legal é que essas sao as gerações que eu menos conheço, mas o museu oferece tantas explicações que até eu me "achei" la dentro. O legal é que, nessa época, os artistas misturaram o que eu mais amo na arte classica e moderna: tu consegues entender o que o pintor quer expressar na obra, mas existe sempre a tua propria interpretação, o teu proprio ponto de vista e a tua prorpia maneira de ver a arte.
Saindo do museu fiz minha habitual compra de livros, comi um maravilhoso crêpe de presunto, quejo e ovo e fui pegar minhas coisas no hotel.
Fui embora com uma sensação de dever cumprido, fui pra Paris descansar e me embriagar de arte, e estou feliz com isso. Quero que o tempo passe logo pra poder começar meus estudos logo, mas tenho tanta coisa pra ler antes disso que preciso de tempo, muito tempo.